Nenhum dia ou hora, com o exagero dos minutos, deixou de pensar nela.
Dia de sol, frio, chuva, tanto faz. Era um
tanto-faz irritante.
No almoço, ela.
No jantar, ela. Antes e depois, ela. Durante o que fosse, ela.
Desviava os caminhos, nada de passar aonde antes
seguia acompanhado.
Nada de sentar às mesmas mesas nos restaurantes
conhecidos.
Nada de nada e nada de esquecer.
Noite e dia.
Escreveu um diário e o diário era dela.
Sempre tem um amigo ou amiga aconselhando.
Deixa disso, esqueça.
Não posso, tento com todas as minhas forças. Não
posso.
Tente, amanhã naquele bar de antes.
Naquele?
É, precisa retomar sua vida, seus amigos.
Ela entrou e
um qualquer fez que não viu o outro qualquer.
É ela. Você não viu?
Acho que sim...
Va lá, tem cadeira vazia.
Não posso.
Covarde!
Covarde não sou.
Então vai.
Vou.
Boa noite.
Oi, que surpresa, boa noite. Sente-se.
Você está bem.
Você também, aliás é o mesmo de sempre.
Obrigado, você mudou.
Notou?
Sim, cadê o cabelo que eu gostava?
Cortei.
Muito curto... e tingiu.
Fiquei melhor?
Não se melhora o que era melhor.
Sempre você!
E esses brincos? Ficaram bem.
Resolvi usar.
Presente meu, mas você não gostava...
Agora gosto...
Seus olhos estão mais... não sei...
Claros. São lentes.
Ah...
Não gosta?
Gostei do vestido.
Adoro vermelho.
Gostava de amarelo.
Mudei. E você?
Continuo o mesmo.
Andei pensando... sabe... me dá outra chance?
O quê?
Você entendeu... podemos recomeçar.
Vou dormir.
Como?
Dormir... enfim... vou dormir.
Boa noite.
Boa noite.
Muito boa essa !
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